Seu Daniel é um morador de rua antigo aqui no bairro de laranjeiras . A curiosidade me levou a fazer uma entrevista com ele no celular. Me chamava atenção a presença quieta deste homem, plantado na esquina com dois carrinhos de supermercado cheios de tralhas e cobertos por plásticos e panos. Sentado ali, todos os dias escrevendo com caneta em caderno de papel. Sua presença invisível, na esquina de calçada muita larga, não atrapalhava a passagem das pessoas. Ninguém notava sua presença mesmo quando com 42 graus de calor ele continuasse com touca de lã e casaco de couro. Resolvi um dia falar com ele , pedi permissão, já que por sempre estar assim coberto, dava medo. Sua voz, para minha surpresa soava baixa quase balbuciada, talvez porque não conversasse há muito com ninguém. Tinha que chegar bem perto para poder ouvir o que dizia. Perguntei o que escrevia nos cadernos. Estou escrevendo a história de minha vida , disse ele. Contou que havia sido adotado por uma família de São