Pular para o conteúdo principal

Chicote da incerteza

O Brasil assistiu hoje imagens de um vídeo  onde um adolescente negro e nu recebe chicotadas de seguranças de um supermercado paulista, pelo simples fato de ter roubado chocolates. No vídeo o garoto pede socorro amordaçado a cada vez que leva uma violenta chicotada nas partes íntimas. 
Nos perguntamos,será isto  influência maléfica dos que estão no poder  estimulando o dente por dente? Num átimo de segundo até pensamos na volta dos chicotes. Atitudes como esta são estimuladas  por um governo autocrático e corrupto. Vemos  decepção envergonhada nos semblantes de  pessoas humildes  que acreditavam que este senhor Bolsonaro iria melhorar suas vidas e que  agora vem  o futuro de seus filhos ameaçado, já que  para o governo o conhecimento  é  supérfluo. Já não achamos mais graça em  suas  frases  violentas.  Um governo fake não pode sobreviver a realidade. Assistimos a um presidente falastrão, que posta bobagens no twitter, como a recente crítica maldosa  feita a esposa do presidente francês e depois apaga feito criança. 

Então estes brasileiros que o elegeram,  diante dos gritos do adolescente,sentem-se também chicoteados.Na transferência a  chicotada é  moral. E ao verem homens comuns , a queimar mendigos, sair dando tiros pelas ruas, deixando a maldade fluir,   pensam na farsa em que estão metidos.  Um lodaçal de contradições constitucionais.
Nos sentimos ameaçados em nossa integridade física e mental sob  a fragilidade do poder que nos sustenta. Regras que deveriam ser para o bem comum, sendo substituídas por outras,incertas e antipopulares.  Tudo isto parece dramático, mas dramática é a cena composta por  atitudes escravagistas ainda entranhadas na mente de muitos brasileiros.
Assistimos impactados a Amazônia pegando foto.  Choramos em silêncio. Cada chicotada daquelas caiu em nossa face. O ladrão de chocolates somos nós mesmos que não roubamos, mas sentimos o estalo deste açoite produto da raiva e do ódio que está se propagando.Somos também culpados. Tudo se acentua, o racismo, a homofobia, o capitalismo sem limites, a desumanidade. Nós somos quem chicoteia mas também somos o inocente que apanha, que morre por bala perdida, que sente a insegurança de viver em um país que já não é mais o Brasil do futebol e do samba, estereótipos que foram substituídos por outros. Brasil o país do chicote e da ignorância.

Postagens mais visitadas deste blog

O CAMINHO DO MEDO

Deixava-se inundar pela angústia como uma roupa usada a qual se agarrava para não alcançar a felicidade. Sempre achara que não merecia ser feliz. Não conseguia sentir-se em casa naquela lugar. Sentia-se uma intrusa no meio daquelas pessoas, quase uma criminosa. Tinha sido nesse tempo que morara ali,  frágil,  envolvendo-se em conflitos com moradores da casa. C asa  acolhedora, bonita, em o a uma vila arborizada, tranquila. Poderia ter sido feliz ali, mas não. Será que ainda seria tempo A imagem que criara a incomodava,  de uma mulher quebrada financeiramente, com parentes viciados em drogas. Esquisita, desiquilibrada. Problemas no aluguel havia tido.  Precisaria ganhar mais dinheiro para sair. Mas a  depressão ia minando as iniciativas que poderiam ser tomadas para ter mais sucesso profissional. A tristeza por ver-se menos bela e desejada. Então castigava-se.  Já não suportava ficar sózinha. Questionava-se se aquilo seria produto dos seus medos, um cansaço de si. Suportar-se era o gran

Jogou fora os remédios

Nesse dia jogou fora o Rivotril na pia espirrando seu conteúdo no ralo, como uma bisnaga. O líquido viscoso com gosto bom, levemente adocicado que havia acompanhado seus dias durante uma década. Durante dois anos tentou livrar-se muito lentamente do benzoazepínico pois havia chegado ao número de 37 gotas,  equivalente a 4 comprimidos de 2mg . Tomava à noite para dormir  seis horas reconfortantes de sono. Depois de tanto sacrifício teve as recaídas. Ia buscar no posto médico um tubinho, tirava o rótulo. Por três vezes pegou o remédio para depois jogar fora.   Tinha  medo da angústia que ainda  acompanhava sua rotina. Foram várias recaídas, pingava na palma da mão  3, 4 , até 5 gotas em dias perversos. Sempre quando acordava no meio da noite cheia de medo do presente. Sabia que se ficasse com ele novamente não poderia mais seguir como planejara. Firme , enfrentando pensamentos sombrios que tornavam sua mente um lugar insuportável de estar. Nesse dia acordou sentindo no corpo uma triste

Urgência de viver

  Era uma urgência de viver tão grande que não lhe permitia pensar. Era um vozerio de tanta gente em sua cabeça que não lhe permitia gostar das pessoas. Em alguns momentos até gostava, como do filho. Um amor dolorido por que de precisar . Precisar tanto que já não servia para nada. Se buscava nos espelhos, se refazia nos olhares que lançava as pessoas na rua. Quem eram aqueles seres costas recurvadas que tanto lhe apavoravam.? Estaria ficando louca talvez. Mas não tinha certeza. O que sabia era que precisava fazer. Agir. Ter coragem de se olhar no espelho e gostar de si mesma. Por que foram tantos erros que deixara de gostar.