Sempre gostara da solidão, quimera, naufrágio, dor. A dor da poesia. Quase sempre a impotência no papel de mãe. Defeito. Um filho, sem controle. Gasta.Não dormia tranquila.O filho saia e quando estava fora bebia e fumava. Não conseguia ignorar, não conseguia achar um meio termo. Um termo tranquilo. Um acordo sobre si mesma. Para onde ir e onde chegar. Helena na metade da vida. Levantava cedo e bebia vinho. A vida monótona , sem vida social. Por isso pensava que necessitava terapia.Só pensava.Não fazia. Via pornografia na TV e não se excitava. Alguma coisa lhe excitava vagamente , mas achava tudo óbvio e se cansava. Preferia pensar que não se tratava de uma incapacidade sua. Um antigo namorado achou estranho que Helena não gostasse de olhar imagens pornográficas, quando íam ao motel.Ele ligava a TV para ver as cenas de sexo que ela achava desnecessárias.Bregas. Se ofendia. Pensava que existiam filmes mais eróticos e excitantes do que aqueles pornôs.Mas olhava indiferente, como se já fossem personagens de uma novela diária, um festival de vaginas sem roteiro. Achava engraçado mulheres sugando pênis e lançando olhares para cima, armação planejada.Achava que ensaiavam isso. Como quando ela mesma aprendeu a chupar vendo um filme . Existem regras básicas .
Deixava-se inundar pela angústia como uma roupa usada a qual se agarrava para não alcançar a felicidade. Sempre achara que não merecia ser feliz. Não conseguia sentir-se em casa naquela lugar. Sentia-se uma intrusa no meio daquelas pessoas, quase uma criminosa. Tinha sido nesse tempo que morara ali, frágil, envolvendo-se em conflitos com moradores da casa. C asa acolhedora, bonita, em o a uma vila arborizada, tranquila. Poderia ter sido feliz ali, mas não. Será que ainda seria tempo A imagem que criara a incomodava, de uma mulher quebrada financeiramente, com parentes viciados em drogas. Esquisita, desiquilibrada. Problemas no aluguel havia tido. Precisaria ganhar mais dinheiro para sair. Mas a depressão ia minando as iniciativas que poderiam ser tomadas para ter mais sucesso profissional. A tristeza por ver-se menos bela e desejada. Então castigava-se. Já não suportava ficar sózinha. Questionava-se se aquilo seria produto dos seus medos, um cansaço de si. Suportar-se era o gran