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Ser ou não ser anônimo eis a questão

O grande conflito com que temos de conviver diáriamente é aquele do dar-se importância. Ao mesmo tempo em precisamos de qualquer forma conquistar um espaço onde sejamos notados e diferenciados, percebemos o quanto somos insignificantes na nossa pequeneza humana. Então é o seguinte: a urgência é a de ser notado naquilo que fazemos e um sinal sempre nos indica que devemos ter sabedoria para saber que somos perenes e defeituosos. É complicado isso. Tudo pode ficar tenso de uma hora pra outra hoje em dia, como se estivéssemos num terreno desconhecido. Como hoje no meu bairro em que de repente se ouvem gritos, tiros, correria, xingamentos a noite.
E logo imediatamente nominamos o movimento como passeata, no passado seria arrastão. Isso devido aos últimos acontecimentos de caráter político e reivindicatório. Estamos em um tempo confuso. De valores confusos. Amanhã quando estiver na rua terei de ver os bancos que foram quebrados aqui perto e conviver com isso. No momento de tensão no bairro eu não era nada e nem conseguia fazer nada. Perplexa que estamos ficamos todos práticamente ilhados em nossas casas. A luta dessas pessoas anônimas que saem quebrando em nome de causas que não sabemos quais, por que hoje tudo aconteceu de repente quase como um arrastão mesmo, é a de por serem notadas. Estão iradas. A violência sempre existiu desde tempos remotos. Caim matou Abel por inveja. O que move essas pessoas a quebrarem, gritarem pelas ruas ? Querem ser notados. 
Eu quero ser notada pelo meu trabalho e voltando ao início percebo que no meio da multidão não sou ninguém. Sempre existe alguém que já fez a mesma coisa, alguém que é mais importante do que eu. Mas está cada vez mais difícil saber o que é real do que é fabricado. Tanto no mundo dos bandidos como no mundo dos mocinhos. Amanhã quando acordar verei o resultado do espetáculo da quebradeira aqui no meu bairro no Rio de Janeiro. Não é a toa que a máscara que simbolizava o anticapitalismo nos movimentos que surgiram nos EUA, e agora parece que passa a ter um sentido abstrato, tem nome de Anonymus. Esses são os que querem se dar importância atrás de uma máscara. E dai voltamos ao princípio, importantes e insignificantes, eis o que somos.

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