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Queixas

É importante que os relacionamentos, amizades tenham começo, meio e fim. Como um livro. Um filme. Que maravilhoso é poder ouvir de alguém que é preciso terminar, não  encontrar mais, não mais manter a amizade ou um relacionamento, por que motivos tais estão impedindo que as coisas sejam mais felizes e fluam, como na natureza. Chega um momento em que as energias se esvaem, se perdem e é preciso partir para outra história, outro livro, filme.Isso é inevitável.

Mas o pior é quando não se termina algo ou nem se começa.
É quando os fatos ficam suspensos como em um varal secando indefinidamente em meio ao sol e a chuva. E assim é para muitas mulheres que os relacionamentos fantasmas acontecem. Depois de  alguns encontros, e principalmente depois da terceira cama, um dos dois some. Não liga, nem um bom dia ou boa noite. No princípio convites para ir ao cinema, sempre uma palavra, um interesse, depois o silêncio, o medo de gostar. Que dure pouco, mas dure um pouco, de forma que algo seja construído e reconstruído. Que se possa beber até o final e não deixar a garrafa solitária e azeda de vinho num canto. Que se esgotem as vontades, que se conheça a história desse alguém que nos escapa como um fantasma. Pior do que ouvir  um não quero mais, me deixa em paz, ou vamos dar um tempo é ficar com as mãos vazias sem nem sequer tê-las preenchido com algo verdadeiro. E não me refiro a encontros casuais e fortuitos. Alegres e curtos. Mas à aqueles em que se sente a pele ardendo, o coração batendo forte, a necessidade vital de preencher os espaços de uma pintura com as cores da coragem que o amor nos traz. Sim, pior do que ouvir não quero mais é não ouvir nada e ser jogada no vácuo do silêncio covarde.

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O CAMINHO DO MEDO

Deixava-se inundar pela angústia como uma roupa usada a qual se agarrava para não alcançar a felicidade. Sempre achara que não merecia ser feliz. Não conseguia sentir-se em casa naquela lugar. Sentia-se uma intrusa no meio daquelas pessoas, quase uma criminosa. Tinha sido nesse tempo que morara ali,  frágil,  envolvendo-se em conflitos com moradores da casa. C asa  acolhedora, bonita, em o a uma vila arborizada, tranquila. Poderia ter sido feliz ali, mas não. Será que ainda seria tempo A imagem que criara a incomodava,  de uma mulher quebrada financeiramente, com parentes viciados em drogas. Esquisita, desiquilibrada. Problemas no aluguel havia tido.  Precisaria ganhar mais dinheiro para sair. Mas a  depressão ia minando as iniciativas que poderiam ser tomadas para ter mais sucesso profissional. A tristeza por ver-se menos bela e desejada. Então castigava-se.  Já não suportava ficar sózinha. Questionava-se se aquilo seria produto dos seus medos, um cansaço de si. Suportar-se era o gran

Jogou fora os remédios

Nesse dia jogou fora o Rivotril na pia espirrando seu conteúdo no ralo, como uma bisnaga. O líquido viscoso com gosto bom, levemente adocicado que havia acompanhado seus dias durante uma década. Durante dois anos tentou livrar-se muito lentamente do benzoazepínico pois havia chegado ao número de 37 gotas,  equivalente a 4 comprimidos de 2mg . Tomava à noite para dormir  seis horas reconfortantes de sono. Depois de tanto sacrifício teve as recaídas. Ia buscar no posto médico um tubinho, tirava o rótulo. Por três vezes pegou o remédio para depois jogar fora.   Tinha  medo da angústia que ainda  acompanhava sua rotina. Foram várias recaídas, pingava na palma da mão  3, 4 , até 5 gotas em dias perversos. Sempre quando acordava no meio da noite cheia de medo do presente. Sabia que se ficasse com ele novamente não poderia mais seguir como planejara. Firme , enfrentando pensamentos sombrios que tornavam sua mente um lugar insuportável de estar. Nesse dia acordou sentindo no corpo uma triste

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