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Jogando a vida no espaço

Ouvindo na TV um bate papo  do jornalista Wiliam Waack com um psicanalista, um professor de filosofia e um especialista e ex piloto de aeronaves, fiquei preocupada. Eles simplesmente admitiram que pela primeira vez não existem respostas para atitudes como a do copiloto que jogou-se para a morte levando com ele  150 seres humanos, suas vidas e histórias, sem que tivessem a chance de escolha. A blindagem da porta dos pilotos que servia como defesa contra o terrorismo agora deverá também defender a falta de controle dos pilotos. Por que sim, disse o psicanalista, é impossível controlar cem por cento a mente de um ser humano. Essa falta de controle sobre como as coisas estão ocorrendo no planeta nos nossos novos tempos me deixa perplexa. A competição,a frustração, ou simplesmente o vazio interno de quem não tem nada a perder se quiser. Jogar a própria vida no espaço, um lapso, um desvio de conduta. O filósofo comentou que apesar de termos o controle sobre uma tecnologia e engenharia avançada que é a aviação. Podemos voar! Também duvidamos disso, de como fomos capazes de chegar lá. A ambiguídade , a dualidade entre o poder e a fragilidade. E nesse mesmo dia quase sem querer trocando os canais da TV assisto o final de um filme americano de ficção, onde uma vez por ano uma espécie de seita ou organização patriótica determina um dia no ano onde seriam eliminados milhares de americanos considerados prejudiciais ao sistema.Esse dia o chamam de Purga.  No final durante os créditos depois de muita matança, uma locutora fala ao rádio sobre o sucesso que foi esse dia de purga, quando se conseguiu eliminar muitas pessoas, e com a maior naturalidade diz : vamos esperar com ansiedade por 365 dias por mais um dia de purga quando serão sacrificados os considerados perfeitos  pelo bem do país.


Quem estaria sacrificando  o copiloto alemão Andreas Lubitz,de 28 anos? Suas memórias? Por que estamos cada vez mais indiferentes e individualistas.Preocupados em como  construir uma imagem e o sistema está cada vez mais confuso quando não existe direita nem esquerda na política. Quando milhares de adolescentes se sentem atraídos pela Al-Qaeda. O imediatismo é o que comanda. Por isso os artistas ainda existem para nos salvar.

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