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Fracassos e bibelôs

É preciso saber se desfazer das coisas,  símbolos do passado, ícones,dos objetos secretos. Dos bibelôs, das camisas rasgadas, guardadas em caixas com outras tantas coisas.Coisas das quais não  conseguimos nos desfazer. Mudando de cidade, de casa, carregando blusas, calças,mantas, luvas, poesias, diários. O que iremos fazer com tudo isso? Digitalizar o passado seria a solução?Por que começar do nada é sempre difícil. Principalmente se for no meio da vida. Partidas, separações, e a  sensação de não ter chegado a lugar algum.Queremos acontecer, causar, influenciar , ensinar, engrandecer a humanidade com algum legado. E que  mesmo  sendo pequeno, esse legado ficasse inscrito na memória de muitos.
Em livros,discos,ensinamentos. As lembranças não precisam de objetos para fazer reviver  emoções perdidas. Talvez só atrapalhem a verdade das coisas. Nos iludam no fundo das caixas. As  emoções verdadeiras não dependem de ícones ou símbolos. Quando olhamos  para estas coisas, não pensamos profundamente nos fatos que carregam em suas malhas. Em determinado momento de nossas vidas é preciso se desfazer de quase tudo e ficar sómente com uma mala. Viver intessamente o presente. Cada pertence doado ou jogado fora não deverá deixar a sensação de que partes do corpo estão indo junto. É preciso estar em constante crescimento, sem pensar nos fracassos, se caímos uma , duas ou três vezes, levantamos e seguimos. Perseguindo a alegria, o amor e a generosidade. O individualismo pode se transformar em tumor. Somos nós e nós em todos os espelhos, por todos os lados, como sósias sem espaço para nenhuma pessoa.Ninguém tem lugar verdadeiro e sincero nesse egocentrismo.Então  se desfaça daquela blusa que guarda há trinta anos por que pensa que assim vai permanecer mais inteiro. Pura ilusão. Transforme-se dando saltos sobre os ressentimentos e recalques. Renove seu guarda roupa com uma colcha de atitudes sábias. Busque a autenticidade. Acredite você é único no planeta, não existe ninguém igual. 

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Deixava-se inundar pela angústia como uma roupa usada a qual se agarrava para não alcançar a felicidade. Sempre achara que não merecia ser feliz. Não conseguia sentir-se em casa naquela lugar. Sentia-se uma intrusa no meio daquelas pessoas, quase uma criminosa. Tinha sido nesse tempo que morara ali,  frágil,  envolvendo-se em conflitos com moradores da casa. C asa  acolhedora, bonita, em o a uma vila arborizada, tranquila. Poderia ter sido feliz ali, mas não. Será que ainda seria tempo A imagem que criara a incomodava,  de uma mulher quebrada financeiramente, com parentes viciados em drogas. Esquisita, desiquilibrada. Problemas no aluguel havia tido.  Precisaria ganhar mais dinheiro para sair. Mas a  depressão ia minando as iniciativas que poderiam ser tomadas para ter mais sucesso profissional. A tristeza por ver-se menos bela e desejada. Então castigava-se.  Já não suportava ficar sózinha. Questionava-se se aquilo seria produto dos seus medos, um cansaço de si. Suportar-se era o gran

Jogou fora os remédios

Nesse dia jogou fora o Rivotril na pia espirrando seu conteúdo no ralo, como uma bisnaga. O líquido viscoso com gosto bom, levemente adocicado que havia acompanhado seus dias durante uma década. Durante dois anos tentou livrar-se muito lentamente do benzoazepínico pois havia chegado ao número de 37 gotas,  equivalente a 4 comprimidos de 2mg . Tomava à noite para dormir  seis horas reconfortantes de sono. Depois de tanto sacrifício teve as recaídas. Ia buscar no posto médico um tubinho, tirava o rótulo. Por três vezes pegou o remédio para depois jogar fora.   Tinha  medo da angústia que ainda  acompanhava sua rotina. Foram várias recaídas, pingava na palma da mão  3, 4 , até 5 gotas em dias perversos. Sempre quando acordava no meio da noite cheia de medo do presente. Sabia que se ficasse com ele novamente não poderia mais seguir como planejara. Firme , enfrentando pensamentos sombrios que tornavam sua mente um lugar insuportável de estar. Nesse dia acordou sentindo no corpo uma triste

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