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Exibidos do facebook

No mundo dos perfis é preciso ser único e original

Últimamente não tenho postado nada no facebook. Tenho me sentido tão distante desse universo de novidades. Se você não tem novidades nem se atreva a postar algo não vai ter a menor graça.
Coisas engraçadas, fotos novas e interessantes. O facebook é um palco para exibicionismos. Seus amigos novos, os lugares por onde anda. E como não tenho feito nada, nem amigos, não tenho andado por lugares novos , não tenho namorado e tampouco tenho me interessado pelas coisas , pessoas e fatos o face acaba se tornando um lugar vazio para minhas preocupações e tédio.Lá é um lugar para o ego mostrar que existe e insiste em conquistar espaço, em mostrar  que é único entre os únicos. Porque nisso se baseia a auto estima, mostrar-se importante na singularidade. Iludir-se de que se é diferente de alguma forma dos outros. Se gostei de algo vou mostrar a todo mundo como aquilo é importante para mim naquele momento, porque gosto de mim e quero que todos vejam do que eu gosto. Mas se não estou gostando de mim, que é como me encontro agora prefiro passar longe de perfis. Acho até que vou criar uma página lá dos descontentes, dos que não tem nada para postar, dos medíocres, dos simples, bobos, sem graça, sem fotos, sem namorados, dos que existem simplesmente. Dos depressivos, fracassados. 

 Ontem vendo um filme de certa forma medíocre porque previsível, O Amante, ouvi uma frase que achei interessante: Antonio Banderas , o amante é claro, diz : "...os fracassados precisam inventar uma vida para eles, fantasiam e tentam tornar a realidade mais bonita do que ela é." Então quem me garante que todas essas pessoas com suas vidas brilhantes e divertidas não seriam personagens? Esforçadas e mantenedoras do seu verniz. Voltando ao Antonio Banderas no filme o Amante  conheci muitas pessoas que teciam "falsas" personalidades para si, carismáticos sempre com uma frase de efeito na manga. Bons no verbo, inteligentes, se destacam em alguma coisa cativante como  na escrita ou  na música. Via de regra são pobres e dependem de outras pessoas, mas isso nunca é revelado. Estão sempre alegres e bem humorados. Para isso existem os perfis e muitas vezes temos que ser como estas pessoas, inventar alegrias, paisagens e até amigos imaginários para aumentar nossos seguidores. Porque disso se faz a vida: somos como os bichos precisamos do grupo, da manada, colméia, rebanho para realmente nos sentirmos  vivos. Mas eu insisto que nesses dias em que estou nublada precisaria de um outro facebook, o dos excluídos e cinzentos.  

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O CAMINHO DO MEDO

Deixava-se inundar pela angústia como uma roupa usada a qual se agarrava para não alcançar a felicidade. Sempre achara que não merecia ser feliz. Não conseguia sentir-se em casa naquela lugar. Sentia-se uma intrusa no meio daquelas pessoas, quase uma criminosa. Tinha sido nesse tempo que morara ali,  frágil,  envolvendo-se em conflitos com moradores da casa. C asa  acolhedora, bonita, em o a uma vila arborizada, tranquila. Poderia ter sido feliz ali, mas não. Será que ainda seria tempo A imagem que criara a incomodava,  de uma mulher quebrada financeiramente, com parentes viciados em drogas. Esquisita, desiquilibrada. Problemas no aluguel havia tido.  Precisaria ganhar mais dinheiro para sair. Mas a  depressão ia minando as iniciativas que poderiam ser tomadas para ter mais sucesso profissional. A tristeza por ver-se menos bela e desejada. Então castigava-se.  Já não suportava ficar sózinha. Questionava-se se aquilo seria produto dos seus medos, um cansaço de si. Suportar-se era o gran

Jogou fora os remédios

Nesse dia jogou fora o Rivotril na pia espirrando seu conteúdo no ralo, como uma bisnaga. O líquido viscoso com gosto bom, levemente adocicado que havia acompanhado seus dias durante uma década. Durante dois anos tentou livrar-se muito lentamente do benzoazepínico pois havia chegado ao número de 37 gotas,  equivalente a 4 comprimidos de 2mg . Tomava à noite para dormir  seis horas reconfortantes de sono. Depois de tanto sacrifício teve as recaídas. Ia buscar no posto médico um tubinho, tirava o rótulo. Por três vezes pegou o remédio para depois jogar fora.   Tinha  medo da angústia que ainda  acompanhava sua rotina. Foram várias recaídas, pingava na palma da mão  3, 4 , até 5 gotas em dias perversos. Sempre quando acordava no meio da noite cheia de medo do presente. Sabia que se ficasse com ele novamente não poderia mais seguir como planejara. Firme , enfrentando pensamentos sombrios que tornavam sua mente um lugar insuportável de estar. Nesse dia acordou sentindo no corpo uma triste

Urgência de viver

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