Fui assistir La Piel que Habito de Almodóvar e me encantei com essa cantora. Gosto muito do flamenco e não tinha idéia de que haviam cantores dedicados com afinco a esse gênero. E me pareceu tão moderna, tão atual sua voz drámatica e rouca. Essa vertente fatalista que os espanhóis possuem frutificada e congelada pelos vários anos de didatura franquista. Que força que essa mulher possui em cena. As canções são melancólicas e nos fazem ficar frente a frente com nossas imperfeições humanas e nossa perenidade. Isso porque as letras falam de partidas, morte e tristezas. Ela se chama Buika.
Deixava-se inundar pela angústia como uma roupa usada a qual se agarrava para não alcançar a felicidade. Sempre achara que não merecia ser feliz. Não conseguia sentir-se em casa naquela lugar. Sentia-se uma intrusa no meio daquelas pessoas, quase uma criminosa. Tinha sido nesse tempo que morara ali, frágil, envolvendo-se em conflitos com moradores da casa. C asa acolhedora, bonita, em o a uma vila arborizada, tranquila. Poderia ter sido feliz ali, mas não. Será que ainda seria tempo A imagem que criara a incomodava, de uma mulher quebrada financeiramente, com parentes viciados em drogas. Esquisita, desiquilibrada. Problemas no aluguel havia tido. Precisaria ganhar mais dinheiro para sair. Mas a depressão ia minando as iniciativas que poderiam ser tomadas para ter mais sucesso profissional. A tristeza por ver-se menos bela e desejada. Então castigava-se. Já não suportava ficar sózinha. Questionava-se se aquilo seria produto dos seus medos, um cansaço de si. Suportar-se era o gran