Cada vez que lemos notícias sobre mortes surpreendentes, suicídios ou chacinas nos chocamos profundamente. Com atos isolados, como o do menino que matou a família e agora do ex baixista do Charlie Brown se suicidando da forma que ninguém imaginava.Quando estava no colegial tinha uma colega humilde, por que não era notada, muito quieta. Depois soubemos que havia se enforcado em casa. Isso ficou na minha mente e até hoje me fazendo acreditar que as pessoas são uma fonte inesgotável de mistérios....
Como alguém que nem se percebia, tão insignificante poderia ter se matado? Como alguém tão simples poderia ter motivos tão complexos e nem percebidos para cometer um ato de coragem como o de tirar a própria vida?
Desde então passei a não acreditar que as pessoas fossem exatamente o que mostram em sociedade. Me fez acreditar que muitas mantém uma personalidade de fachada e que por dentro acalentam medos, rancores, tristezas profundas que não demonstram. Esse foi o caso do menino e do músico. Eu sempre acreditei desde o início que o menino era culpado. A infância também pode ser cruel e nunca perdoei pais que mantém armas em casa e permitem que seus filhos aprendam a atirar.Esse menino não tinha acompanhamento médico apesar de saber que morreria cedo. Imaginem isso! Ele sabia que morreria, seu futuro já estava marcado.
Tenho lá minhas tristezas mas nunca fui ao fundo do poço sem voltar. Minhas crises sempre tiveram ares de drama onde eu era a principal personagem, vendo a mim mesma atuar. E porque não nos chocamos tanto com tantas mortes juntas, como os massacres na Síria, os mortos de fome e de doenças na África? Somos românticos e individualistas nesses tempos de tanta tecnologia e solidão. As mortes massivas, as catástrofes não tem a imagem de nós mesmos porque coletivas. Nesses indivíduos nos enxergamos de certa forma.Romantizamos a morte.Os dramas pessoais nos abatem simplesmente porque desconhecemos os motivos que levam essas pessoas a escolherem esse caminho escuro da morte por vontade própria.