Fantasias, carnaval, blocos, folia. Dizem que o frevo tem mais de cem passos. Lá em Pernambuco soam os metais, em Salvador os tambores, no Rio os blocos se tornam cada vez mais uma opção popular, alegre e criativa. Mas o que é melhor saudável e democrática. Impeachment dá samba? Talvez, mas ninguém saiu com máscaras da Dilma, nem fizeram marchinhas sobre isso. Esse não foi um carnaval de máscaras. Existem governos e lugares piores, como no México onde o presidente é gay e o narcotráfico está enfiado no meio político. Mas ninguém sabe que ele é gay pois lhe arranjaram uma esposa. Então falam sobre o que roubam os governos, e amanhã é quarta-feira de cinzas. O roubo está institucionalizado de tal maneira e sofisticado que já não sabemos quem rouba de quem entre empresários, políticos, mídias. Há quem diga até que a ditadura militar no Brasil foi uma farsa política. Em todo o mundo a prática do poder político, com exceção de alguns países, está intimamente ligada ao dinheiro. O capital. O carnaval. As fantasias. Onde estão as máscaras dos políticos? Quando deixa de ser engraçado debochar de quem está lá em cima pode ser sinal de alienação e cansaço. Cansaço de ver tanta impunidade.
Deixava-se inundar pela angústia como uma roupa usada a qual se agarrava para não alcançar a felicidade. Sempre achara que não merecia ser feliz. Não conseguia sentir-se em casa naquela lugar. Sentia-se uma intrusa no meio daquelas pessoas, quase uma criminosa. Tinha sido nesse tempo que morara ali, frágil, envolvendo-se em conflitos com moradores da casa. C asa acolhedora, bonita, em o a uma vila arborizada, tranquila. Poderia ter sido feliz ali, mas não. Será que ainda seria tempo A imagem que criara a incomodava, de uma mulher quebrada financeiramente, com parentes viciados em drogas. Esquisita, desiquilibrada. Problemas no aluguel havia tido. Precisaria ganhar mais dinheiro para sair. Mas a depressão ia minando as iniciativas que poderiam ser tomadas para ter mais sucesso profissional. A tristeza por ver-se menos bela e desejada. Então castigava-se. Já não suportava ficar sózinha. Questionava-se se aquilo seria produto dos seus medos, um cansaço de si. Suportar-se era o gran