Neste período em que nos vemos tolhidos da liberdade de transitar livremente, acabamos por descobrir nichos que estavam ocultos , preguiçosos em um canto da mente ou da casa.Nichos ou partes de nós que seguiam a espreita em busca de uma oportunidade para ressurgirem e terem a sua chance de mostrar alguma atividade.
Fiz uma lista das coisas que deveria fazer hoje,parece simplista, mas está dando certo. Tenho me visto perdida entre os muitos afazeres ou um deixar-me estar. Achava bobo quando ouvia influencers de auto ajuda discernirem sobre como conseguir sucesso na vida.Todos quase sempre citam este artifício: fazer uma lista. Mas quantos listas fazemos e não cumprimos. Mas agora somos nossos patrões. Portanto temos que cumprir a lista! E encabeçando a minha lista hoje está : escrever no blog. Eu não devo postergar , nem atropelar tarefas que podem parecer mais importantes depois de feita a tal lista. Preciso seguir a lista e ponto.
Mas sobre o que deveria eu escrever hoje?
Sobre minhas últimas experiências neste período de isolamento. Nós mulheres solteiras, acabamos por dar uma espiada ou encarar seriamente aplicativos de relacionamento. O poder que ilusoriamente pensamos ter quando estamos dentro, eliminando centenas de fotos de homens disponíveis, parece divertido. Rostos de mais variados estilos. Os que vestem camiseta de time de futebol são imediatamente eliminados. Os que aparecem na praia de sunga, segurando cerveja, ou em academias. O exibicionismo gratuito sempre me desagradou. Até hoje não vi nenhuma foto de homem segurando um bom livro. Elimino barrigas e barbas. Assim acabo por clicar em algum que me parece atraente e vamos ao diálogo. Junto a alegria do tal crush que acabamos por conseguir, precede-se um silêncio sepulcral, pois nenhum dos dois resolve começar a tal conversa. Eu sou das que espera a iniciativa masculina, comportamento arraigado pela educação conservadora que tive, e que só consigo driblar quando a coragem vence a etiqueta datada.
Sobre minhas últimas experiências neste período de isolamento. Nós mulheres solteiras, acabamos por dar uma espiada ou encarar seriamente aplicativos de relacionamento. O poder que ilusoriamente pensamos ter quando estamos dentro, eliminando centenas de fotos de homens disponíveis, parece divertido. Rostos de mais variados estilos. Os que vestem camiseta de time de futebol são imediatamente eliminados. Os que aparecem na praia de sunga, segurando cerveja, ou em academias. O exibicionismo gratuito sempre me desagradou. Até hoje não vi nenhuma foto de homem segurando um bom livro. Elimino barrigas e barbas. Assim acabo por clicar em algum que me parece atraente e vamos ao diálogo. Junto a alegria do tal crush que acabamos por conseguir, precede-se um silêncio sepulcral, pois nenhum dos dois resolve começar a tal conversa. Eu sou das que espera a iniciativa masculina, comportamento arraigado pela educação conservadora que tive, e que só consigo driblar quando a coragem vence a etiqueta datada.
Mas por fim surge um falante. Este era um homem atraente , com 67 anos, embora aparentasse ter menos dez. Cabelo volumoso e grisalho bem tratado, coisa rara em homens desta idade. Como me aproximo dos cinquenta estendi minha procura a uma faixa etária mais elevada. Se apresentou dizendo seu nome com três sobrenomes, como Alvaro Sabino Freixo dos Santos Lisboa, este eu inventei é claro Fugindo a regra o homem começou a escrever textos enormes no aplicativo explicando sobre sua separação em detalhes, todos os anos em que havia tentado voltar ao casamento, citando os anos, as posteriores separações e que por fim agora "só lhe restava levar o que ficou no closet". Em seguida enumerou seus apelidos: champinha, patrão, tarado, taradinho. Logo pensei , o homem é maluco. Por fim terei outro desastre como tem sido todos os últimos crushs online. Perguntei-lhe a que se deviam estes apelidos e vejam só, ganhei uma descrição detalhada. Champinha, porque o pai tinha mania de tomar champanhe e como ele era o filho ficou sendo chamado assim, tarado por que como atuante no mercado financeiro, era ríspido muitas vezes com os empregados, e patrão porque costumava promover rodadas de poker em casa e oferecer um churrasco para alguns amigos e empregados. Com certeza estava querendo aparentar ser rico. Disse que morava no Jardim Botânico. Pensei, com certeza é um empresário e consequentemente deve ser a favor do nosso atual presidente da república. Perguntei. Ele responde: "ele é sem noção mas é melhor do que se tivéssemos o Lula". Depois dessa resposta encerrei o assunto delicadamente e calei. No outro dia como já o havia adicionado ao celular e não deletado para evitar constrangimento, recebi um texto enorme do homem. Era um texto encaminhado sobre a pandemia. Me pareceu de caráter místico e espírita , mas difícil de classificar. Aconselhando a acender velas, falando em chacras, sugerindo submissão e espera, já que alguns serão os escolhidos para morrer. De acordo com o texto, esta seria mais uma peste , como todas as que assolaram a humanidade, que segundo a bíblia surgem de 40 a 40 anos para fazer cumprir um ciclo místico de eliminação. Este agora visava eliminar aqueles povos que foram os que mais colonizaram e mataram como a Espanha colonizadora e a Itália e sua tirania nos tempos de Cristo. Esta interpretação sobre a epidemia do Covid 19 foi novidade pra mim e desse diálogo com certeza tirei algum ensinamento. Todos nós estamos num ciclo de mudanças, imposto por esta doença invisível. Com certeza sairemos melhores dessa imersão. Quanto ao aplicativo ainda continuo nele a espera de alguém lúcido.