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Confinados na esperança

Oque fazer agora diante do inusitado de estar passando por uma crise social, de saúde pública e recessão econômica? Não sabemos. O futuro é incerto. A cada dia despertamos tentando construir uma felicidade imaginária. Com o que nos resta usufruir. Leituras, séries na TV,cursos online.Tentamos nos valorizar mais  através de pequenas coisas que antes fazíamos e que estavam esquecidas. A convivência com nós mesmos, neste isolamento obrigatório, nos  mostra novas perspectivas, mas a incerteza nos cobre a razão.  Que saudades temos de um abraço, de um aperto de mão. Ainda perplexos diante de uma catástrofe biológica, ainda temos de suportar a desumanidade de políticos egocêntricos , corruptos. Temos diante dos olhos a fragilidade dos sistemas, sejam socialistas ou de direita, corroídos por um vírus que diante de nossos olhos vai consumindo vidas impunemente.
O mundo se divide entre humanistas e algozes. Como num filme de ficção científica começamos a achar que a seleção natural vai vingar a natureza. Menos poluentes na atmosfera, pois nossa sujeira está organizada e nunca tivemos tanto cuidado com a assepsia.  Foram os animais mais uma vez os culpados pois produzem vírus que acabamos por consumir. Não podemos culpar os chineses, foi uma fatalidade. Poderiam ter sido os porcos na Rússia, ou as galinhas na Suécia. Assim como no gripamos os animais ficam doentes. Por isso existem os que não consomem carnes, mas agora nem estes estão livres de uma possível morte. Temos a sorte de que este vírus Covid é morto com água e sabão e que pode não ser letal. Pelo menos isso. Empresas se reinventam para enfrentar a crise. E descobrimos que afinal tudo pode funcionar online, pode ser vendido, aprendido, catalogado, cantado, escrito. Psicólogos e médicos em conversas de vídeo nos aconselham e confortam. Será que casamentos ou separações já podem ser feitos online? Drogas são vendidas em delivery. Palavra que agora ganha  seu status. Quem sabe me disfarço de delivery  pra te encontrar, arriscando um beijo. O sacrifício não é de todos, aqueles que não suportam ter as as portas de seu comércio fechadas, sofrendo com o deficit  ao invés de buscar formas de superar a crise. Estes não entendem o significado da palavra solidariedade. Então temos os Bolsonaros, Trump e tantos semelhantes que exibem as características humanas da torpeza e do egoísmo. Mais uma vez o que vemos é um mundo dividido entre o bem e o mal. O capitalismo é o mal? O comunismo é o bem? Não , agora mais do que nunca é preciso transcender sistemas políticos. O mundo deverá sair fortalecido dessa catástrofe mundial e mais solidário. Esta esperança vai alimentar a nossa roda da fortuna em um futuro imaginário e bom.

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O CAMINHO DO MEDO

Deixava-se inundar pela angústia como uma roupa usada a qual se agarrava para não alcançar a felicidade. Sempre achara que não merecia ser feliz. Não conseguia sentir-se em casa naquela lugar. Sentia-se uma intrusa no meio daquelas pessoas, quase uma criminosa. Tinha sido nesse tempo que morara ali,  frágil,  envolvendo-se em conflitos com moradores da casa. C asa  acolhedora, bonita, em o a uma vila arborizada, tranquila. Poderia ter sido feliz ali, mas não. Será que ainda seria tempo A imagem que criara a incomodava,  de uma mulher quebrada financeiramente, com parentes viciados em drogas. Esquisita, desiquilibrada. Problemas no aluguel havia tido.  Precisaria ganhar mais dinheiro para sair. Mas a  depressão ia minando as iniciativas que poderiam ser tomadas para ter mais sucesso profissional. A tristeza por ver-se menos bela e desejada. Então castigava-se.  Já não suportava ficar sózinha. Questionava-se se aquilo seria produto dos seus medos, um cansaço de si. Suportar-se era o gran

Jogou fora os remédios

Nesse dia jogou fora o Rivotril na pia espirrando seu conteúdo no ralo, como uma bisnaga. O líquido viscoso com gosto bom, levemente adocicado que havia acompanhado seus dias durante uma década. Durante dois anos tentou livrar-se muito lentamente do benzoazepínico pois havia chegado ao número de 37 gotas,  equivalente a 4 comprimidos de 2mg . Tomava à noite para dormir  seis horas reconfortantes de sono. Depois de tanto sacrifício teve as recaídas. Ia buscar no posto médico um tubinho, tirava o rótulo. Por três vezes pegou o remédio para depois jogar fora.   Tinha  medo da angústia que ainda  acompanhava sua rotina. Foram várias recaídas, pingava na palma da mão  3, 4 , até 5 gotas em dias perversos. Sempre quando acordava no meio da noite cheia de medo do presente. Sabia que se ficasse com ele novamente não poderia mais seguir como planejara. Firme , enfrentando pensamentos sombrios que tornavam sua mente um lugar insuportável de estar. Nesse dia acordou sentindo no corpo uma triste

Urgência de viver

  Era uma urgência de viver tão grande que não lhe permitia pensar. Era um vozerio de tanta gente em sua cabeça que não lhe permitia gostar das pessoas. Em alguns momentos até gostava, como do filho. Um amor dolorido por que de precisar . Precisar tanto que já não servia para nada. Se buscava nos espelhos, se refazia nos olhares que lançava as pessoas na rua. Quem eram aqueles seres costas recurvadas que tanto lhe apavoravam.? Estaria ficando louca talvez. Mas não tinha certeza. O que sabia era que precisava fazer. Agir. Ter coragem de se olhar no espelho e gostar de si mesma. Por que foram tantos erros que deixara de gostar.