A gente vai fazendo de conta que não acredita. Não acredita no amor. Quando aparece uma pessoa com quem nos entendemos, vai-se fingindo que não é importante.Então num surto de carência eis-nos entrando no jogo da sedução.O medo da paixão é terrível.Fica-se evitando armadilhas, fugindo do que poderia ser um prazer que possa querer repetição. Mas tudo tem seu preço.A paixão principalmente.Reprimimos o desejo de conhecer sua família e de desejar ser "a namorada".Temos medo de demonstrar fragilidade.Mas o sexo é satisfatório então pensamos:porque não,melhor ter que não ter.Mas amores fakes são chatos.Bom seria se as coisas fossem mais concretas e se permitissem existir nos intervalos e não apenas em finais de semana aleatórios.Continuassem mesmo que lentas e preguiçosas. O medo do tal envolvimento faz com que não existam ligações telefônicas para saber como estão as coisas. Sem intimidade real. Sempre me pergunto se a sensação de liberdade que precede a atitude de recusa a uma situação amorosa, aquele famoso "não preciso dele agora" é real ou trata-se de um refúgio passageiro da mente? A gente fica sem falar com o "outro" como se fosse um acordo tácito e silencioso. Parece que esse "namorado fake" gosta de provocar reações, sumindo por puro prazer de ver a pessoa ali desejosa. São as doces ilusões e expectativas de quem quer ser amado. Ele ainda acena com uma possibilidade remota de sair no domingo quem sabe..."se você não estiver chateada."
Deixava-se inundar pela angústia como uma roupa usada a qual se agarrava para não alcançar a felicidade. Sempre achara que não merecia ser feliz. Não conseguia sentir-se em casa naquela lugar. Sentia-se uma intrusa no meio daquelas pessoas, quase uma criminosa. Tinha sido nesse tempo que morara ali, frágil, envolvendo-se em conflitos com moradores da casa. C asa acolhedora, bonita, em o a uma vila arborizada, tranquila. Poderia ter sido feliz ali, mas não. Será que ainda seria tempo A imagem que criara a incomodava, de uma mulher quebrada financeiramente, com parentes viciados em drogas. Esquisita, desiquilibrada. Problemas no aluguel havia tido. Precisaria ganhar mais dinheiro para sair. Mas a depressão ia minando as iniciativas que poderiam ser tomadas para ter mais sucesso profissional. A tristeza por ver-se menos bela e desejada. Então castigava-se. Já não suportava ficar sózinha. Questionava-se se aquilo seria produto dos seus medos, um cansaço de si. Suportar-se era o gran