Hoje quando vinha pela rua um grupo de jovens na faixa de vinte e poucos anos vinha caminhando a minha frente alegre. Vestidos com roupas juninas pois estávamos em época de festas. Uma das moças falava ao telefone celular com outra dizendo "... estou falando aos meus pais que vou dormir na tua casa em Itaipava tá?". A moça estava instruindo a amiga sobre a mentira que estava dizendo ao pais. E falava com uma naturalidade tão fácil como se dissesse "...quando sair não esquece de bater a porta !" Mentiras: serão parte irreversível da relação de paternidade dos novos tempos?A menina ordenava alegramente para a amiga que certamente já estaria acostumada com isso, que mentisse sobre onde estaria naquela noite. E porque? Porque sempre existem aqueles lugares onde os jovens não podem estar, lugares proibidos. Para ficar uma noite fora a mentira tem que ser bem elaborada.Oque posso dizer a respeito da paternidade ? Aconselho a que pensem muito antes de decidir ter filhos. Nós pais seremos sempre o produto de todo o tipo de traumas inconscientes. Seremos sempre no futuro os culpados por alguma coisa de irreversível na personalidade de nossos filhos. Porque as palavras saem, os defeitos existem, porque afinal somos humanos.Mas depois das mentiras vem as verdades. O amor que foi lavado na briga e na raiva. Que tenhamos filhos mas é preciso saber que eles vão mentir porque em todos os tempos existe o novo que um pai não pode compreender.
Deixava-se inundar pela angústia como uma roupa usada a qual se agarrava para não alcançar a felicidade. Sempre achara que não merecia ser feliz. Não conseguia sentir-se em casa naquela lugar. Sentia-se uma intrusa no meio daquelas pessoas, quase uma criminosa. Tinha sido nesse tempo que morara ali, frágil, envolvendo-se em conflitos com moradores da casa. C asa acolhedora, bonita, em o a uma vila arborizada, tranquila. Poderia ter sido feliz ali, mas não. Será que ainda seria tempo A imagem que criara a incomodava, de uma mulher quebrada financeiramente, com parentes viciados em drogas. Esquisita, desiquilibrada. Problemas no aluguel havia tido. Precisaria ganhar mais dinheiro para sair. Mas a depressão ia minando as iniciativas que poderiam ser tomadas para ter mais sucesso profissional. A tristeza por ver-se menos bela e desejada. Então castigava-se. Já não suportava ficar sózinha. Questionava-se se aquilo seria produto dos seus medos, um cansaço de si. Suportar-se era o gran